Querida vovó,
Estou preocupada. As coisas não vão tão bem como eu imaginava aqui em casa. A senhora vai me condenar por isso, mas sem querer acabei lendo algumas linhas de uma carta, quando separava a correspondência de tio Andrew. Parece que ele está devendo dinheiro a um homem de sobrenome Stockton, que já veio à cidade algumas vezes e não é nenhum exemplo de honestidade. Acredita que ele insinuou que usaria de meus favores enquanto tio Andrew não arruma o dinheiro?
Tenho medo que tia Prudence tome conhecimento dessa história; sua saúde já está tão frágil... Simon também nada sabe e eu prefiro não lhe dizer ainda. O humor dele só piorou, com a semana de tratamento em Londres, mas acho que a companhia de Amelia, ao retornar, lhe fez bem. Ela consegue fazê-lo rir de uma maneira que eu jamais consegui. Deve ser por causa de seu jeito despreocupado, sua maneira de rir da vida. Pelo menos ela o faz feliz.
Dia desses, recebi um convite para o baile do festival. Estava considerando a proposta, mas agora acho que devo fazer companhia ao detestável Sr. Stockton. Não que meu tio vá me pedir isso, mas prefiro me oferecer a vê-lo se constranger diante do tratante. Dessa maneira, terei que recusar o gentil pedido de Phillip, que, apesar de as pessoas viverem dizendo que é um chato pomposo, é um bom rapaz. É diferente da irmã, que não diz meias nem palavras demais. Definitivamente não merecia a recusa que eu terei que lhe oferecer.
Espero poder mandar-lhe boas notícias em breve, vovó.
Elise