quarta-feira, 22 de outubro de 2008


Querida vovó,


Estou preocupada. As coisas não vão tão bem como eu imaginava aqui em casa. A senhora vai me condenar por isso, mas sem querer acabei lendo algumas linhas de uma carta, quando separava a correspondência de tio Andrew. Parece que ele está devendo dinheiro a um homem de sobrenome Stockton, que já veio à cidade algumas vezes e não é nenhum exemplo de honestidade. Acredita que ele insinuou que usaria de meus favores enquanto tio Andrew não arruma o dinheiro?

Tenho medo que tia Prudence tome conhecimento dessa história; sua saúde já está tão frágil... Simon também nada sabe e eu prefiro não lhe dizer ainda. O humor dele só piorou, com a semana de tratamento em Londres, mas acho que a companhia de Amelia, ao retornar, lhe fez bem. Ela consegue fazê-lo rir de uma maneira que eu jamais consegui. Deve ser por causa de seu jeito despreocupado, sua maneira de rir da vida. Pelo menos ela o faz feliz.

Dia desses, recebi um convite para o baile do festival. Estava considerando a proposta, mas agora acho que devo fazer companhia ao detestável Sr. Stockton. Não que meu tio vá me pedir isso, mas prefiro me oferecer a vê-lo se constranger diante do tratante. Dessa maneira, terei que recusar o gentil pedido de Phillip, que, apesar de as pessoas viverem dizendo que é um chato pomposo, é um bom rapaz. É diferente da irmã, que não diz meias nem palavras demais. Definitivamente não merecia a recusa que eu terei que lhe oferecer.

Espero poder mandar-lhe boas notícias em breve, vovó.


Elise

domingo, 12 de outubro de 2008


david,


escrevo com Urgência e com medo. não consegui identificar Suspeitos na estação. tentei conversar com o delegado novamente, mas Ele insistiu em dizer que está Ocupado com os Casos mais sérios, e é Óbvio que não irá gastar esforços em recuperar papéis.


Durante esses dias lembrei-me bastante da conversa interessante que tivemos quando tu viestes aqui pela última vez. aquela tua euforIa voltou a me assustar, e em nenhum momento ouvi de tua boca o motivo para tanta aleGria. talvez seja só paranóia minha, sei que O suCesso de meu último livrO te empolgou, e que tens grandes expectativas para esta coletânea de poesias.


irei Manter-te informado das Boas novas da cidade, e dos rostos que virão visitar o festival. seI que gostarias de saber o que se passa por aqui, aiNda mais na época de maior agitação.sofia está preocupada contigo, ela deseja que tu venhas para cá, Apreciar o festival, aliviar um pouco o cansaço do trabalho. eu espero que tu ouças o que ela diz. seria bom ver-te novamente aqui, podemos passar horas conversando e nos Divertindo com as novas histórias.


um abraço de seu amigo,



daniel


p.s. preciso comprar Outra maquina de escrever.



domingo, 5 de outubro de 2008


Estimadíssimo amigo Andrew,


Como é do seu conhecimento, o tenho em grande consideração. Parece-me que o senhor esqueceu de me dar notícias, assim, tenho que lhe fazer uma visita em breve para me manter inteirado dos acontecimentos, não? Tenho certeza de que seria muito bem recebido.

Por coincidência, num dia qualquer, um tablóide me caiu em mãos de maneira ocasional e vi um anúncio sobre a festa da cidade. O senhor sabe como eu tenho um espírito festivo, não? De modo que esse é o motivo que me traz à sua terra. Música, um bom uísque... Que mais pode alimentar uma alma atormentada? Belas garotas... Ah sim, sim! Seria um colírio para esse par de olhos acostumados com a rudeza humana... Garotas como a sua sobrinha. Como ela se chama mesmo? Adoraria dançar com ela. A propósito, vai bem? E sua esposa?

Tratei de me informar sobre o senhor – amigo interessado que sou – assim que cheguei à cidade. Topei com um rapaz muito simpático que trabalha no banco Gallagher & Lancaster. Ele prontamente se ofereceu a me ajudar, sempre com muita boa vontade. Naturalmente, tive que ajudá-lo também, já que o rapaz é pobre e tem uma tia doente. Tenho o coração mole, você sabe disso. Dei uns trocados para que o rapaz comprasse o leite. Bem, o rapazinho me disse que sua conta no banco não é das mais saudáveis e que seu balanço tende a gostar do vermelho.

Fiquei um tanto contrariado ao saber disso, afinal, esperava que o senhor acertasse aquela pequenina pendência comigo. Sabe, também preciso de dinheiro e no momento, tenho muito pouco nos bolsos, de modo que me hospedei numa pensão que mais parece um pardieiro. Mas fico tranqüilo, pois sei que o senhor me pagará tudo até o festival, não é verdade? Caso não consiga – coisa que duvido muito e nem quero pensar - sei que vai me presentear com sua casa, para que eu e meus amigos fiquemos bem instalados. Agora sei que o senhor vai lembrar-se de mim, não vai? Aguardo ansiosamente por notícias.

Um forte abraço do seu amigo e criado,


Patrick Stockton.