quarta-feira, 19 de novembro de 2008


Caro Ted,


Encontrei seu irmão na praça hoje e ele me disse que você vem para o Festival. Se eu não lhe escrevo, você nem se lembra de mim! Embora Robert não tenha se mostrado muito feliz com minha presença, ele retribuiu o cumprimento e respondeu à minha pergunta sobre notícias suas. Fiquei feliz que pelo menos tenha falado comigo. Tenho a impressão de que Yasmin o desgostou profundamente e ele transferiu para mim esse desgosto.

Você não deve saber, mas é do conhecimento de muitos aqui que Yasmin começou a incentivar os sentimentos dele há algum tempo. No entanto, algo deve ter acontecido. De alguns dias para cá, não tenho visto seu irmão às voltas com agrados para com ela. Nem mesmo a tem cumprimentado. Não sei o que ocorreu. Como sabe, minha irmã e eu não temos um relacionamento tão íntimo que nos permita partilhar tais assuntos. Acredito que você compreenda, já que você e Robert também não têm muito em comum.

Deixemos isso de lado. Recebi há alguns dias uma carta de Ann, ela também vem para o festival e ficará em minha casa. Disse a ela que seria bom que nos encontrássemos (ela, Peter, você e eu) para relembrarmos os velhos tempos e falarmos sobre o presente, das aulas de dança com Mrs. Prudence, quando nós quatro sempre achávamos uma forma de tornar mais divertidas aquelas horas tão maçantes. Lembro-me particularmente daquele dia em que Peter e você se colocaram a misturar passos de danças. Mrs. Prudence não entendeu coisa alguma! Ainda mais quando Peter começou a dizer que eram passos de uma dança aprendida com um tio caixeiro-viajante.

É uma pena que já não nos encontremos com tanta freqüência. Você em Viena, Peter e Ann em Londres. Mas acredito que a amizade que nós construímos não tenha a facilidade de se acabar, como tantos relacionamentos que nós temos visto.

Avise-me quando chegará e eu irei encontrá-lo na estação; quero ser a primeira a vê-lo. Aguardo ansiosamente a sua volta. Um abraço,


Candice.


sábado, 8 de novembro de 2008


Estimado compadre Comodoro Rudolph Gallagher,


É com transbordante júbilo que vos escrevo depois de tanto tempo, ainda que de maneira meramente noticiosa, sem mo aprofundar em minúcias mais capilares. Venho, com muito gáudio, através desta, lho convidar para a Festa da Colheita da cidade. Naturalmente não está à altura da vossa distinta presença, seria impossível comparar aos eventos sociais que pudestes freqüentar, sempre em casas e clubes da melhor sociedade.

Todavia, não deixa de ser uma oportunidade excelsa para se fazer negócios. Tenho, no decorrer desses anos todos, administrado os seus interesses da minha melhor maneira, entretanto, vossa presença se faz muito útil nesse momento. Creio que um toque brilhante de vossa genialidade peculiar daria o impulso extra de que carecemos, e a conjuntura é por demais oportuna.

Ademais, o vosso afilhado Robert, que deveria mo auxiliar nessas tarefas, toma-me tempo em demasia. Estive a prepará-lo, afinal, um dia ele herdará o legado dos Lancaster. Junta-se a isto o preço alto que nos é cobrado inexoravelmente pelo tempo. Já não sou mais aquele mesmo dos nossos saudosos tempos de estudo, de sorte que estou a precisar de um apoio.

Encarrego Robert dos pormenores, afinal, para alguma coisa ele deve servir. Basta que mo informe apenas o dia e a hora de sua chegada. Certamente seria dispensável dizer que mo regojizaria muito lho hospedar em nossa casa, mas faço questão de reiterar o convite.

Sem mais para o momento, reitero protestos de elevado apreço e consideração.

Atenciosamente, Noah Lancaster.