domingo, 6 de julho de 2008


Querida Louise,


Como estão os preparativos para o Festival da Colheita? Estou ansioso para ir, mas dessa vez vou me atrasar um pouco.

Ontem me despedi do pessoal do hospital, todo mundo lá sabe que nessa época eu tiro férias e fizeram até uma festinha. A Dona Rose fez uns bombons de chocolate deliciosos, daqueles recheados que você adora.

Hoje de manhã fui para a estação pegar o trem das nove e fiquei surpreso em vê-la tão cheia. A cada ano que passa as pessoas usam mais os trens, como se fosse uma novidade que todos querem ver. Muitos conversavam animados, esperando a máquina chegar.

Eram quase nove horas quando um rapaz bem do meu lado desmaiou, quase me derrubando. Todos o olhavam assustados, havia um grupo de amigos com ele e disseram que ele simplesmente caiu. Não sei ainda o que é, mas o trouxe direto para o hospital e sinto que devo ficar até que ele melhore. Esperei a situação acalmar um pouco para escrever e pedir que não se preocupe com minha demora. O jovem ainda não despertou e tudo que sei dele é que se chama Peter. Daqui a pouco vou conversar com uma moça que estava na estação junto com ele e veio acompanhá-lo.

Desculpe por estar atrasando minhas férias, sei que você se preocupa comigo por eu trabalhar demais, mas não posso deixá-lo aqui, Deus o fez desmaiar em meus braços por um motivo e não posso ignorá-lo.

Espero chegar a tempo de ver o Festival. Um grande abraço do irmão que a ama muito,


William


2 comentários:

Edson Marques disse...

É exatamente esse o papel das palavras!



Abraços, flores, estrelas..

Jerri Dias disse...

Legal, mas uma sugestão e um comentário.
O lance dos trens ficou ótimo, mas ´sempre bom lembrar que a grande revolução que os trens trouxeram foi tornar as coisas mais perto e acessível as classes mais baixas. De repente, com não muito dinheiro, as pessoas poderiam ir a Londres ou mesmo ver o mar, coisas que muita gente no interior nunca havia visto antes do adventoi dos trens.
Em relação ao Peter, achei estranho que os amigos dele não soubesse dar seu sobrenome ao médico, pois naquele época e mesmo ainda hoje, sobrenomes são muito valorizados (por indicar família, status social e região de onde veio) e muitas vezes utilizados antes de nome próprios.