segunda-feira, 8 de setembro de 2008


Caro Robert,


Antes de mais nada, peço perdão por ter saído da cidade tão abruptamente, sem me despedir. Acredite, tive minhas razões. Por favor, diga a minha mãe que estou bem de saúde - com exceção daquele pequeno problema que você bem sabe - e que ela não precisa se preocupar. As coisas estão dando certo para mim aqui na Irlanda. Sim, amigo, estou de volta ao meu querido Eire.

Estou feliz, na medida do possível, mas confesso que sinto falta de algumas coisas. Da sua pessoa, inclusive. Sua ingenuidade sempre me cativou, o brilho de admiração que eu via nos seus olhos irradiavam os lugares por onde passávamos. Brilho esse que foi ficando cada vez mais minguado à medida em que aquela rameira... desculpe, sei que você me pediu para não chamá-la assim... enfim, desde que ela passou a encher sua cabeça com o ofídio veneno, tão característico de criaturas como ela.

Mas você sabe, você me conhece, eu não sou de guardar rancores. No entanto, confesso que fico contente em saber que você pôde afinal ver a luz da verdade. É nessas horas que eu odeio dizer "eu te avisei", mas ainda sinto que há esperanças para você, meu jovem. Tão feliz me deixaste com esta notícia que sinto que devo lhe contar um segredo.

Decidi que uma pessoa que ambos conhecemos deve mudar. Não diga nada, eu sei o que você pensa a respeito dessas minhas decisões. Mas não me julgue antes de saber todos os detalhes. Manterei-o atualizado à medida que a história progredir. Não se preocupe, você sabe que sou inofensivo.

Sempre seu,


James MacYell

6 comentários:

Marina disse...

Qual é o pequeno problema? Bebedeira? Um irlandês em plena Inglaterra do século XIX não deve ser boa coisa. Ou será que estou sendo preconceituosa?

Só depois que você lê a carta algumas vezes você percebe o que tem por trás dela...

Não vejo a hora de ler a continuação.

Bruno Malveira disse...

James lembrou-me daquela mulher do filme 'Hitch', que guarda um certo rancor de aproveitadores amorosos, e que faz tudo para não se envolver com um nem deixar amigos serem vítimas...

Paulinho disse...

Hahahahaha!! Pois Bruno, o que ele me parece é exatamente o contrário. E bebedeira não é problema, Marina. Você está sendo preconceituosa. Irlandês não é alcoolatra, ele é acostumado.

Marina disse...

Sério, Bruno? Pois eu achei ele meio malicioso. Inofensivo, mas malicioso.

Pros padrões da cidadezinha, ele pode ser um bêbado, Paulinho. O povo que é preconceituoso.

Tiago disse...

Sim, ele é inofensivo. É um amor de pessoa. Não maltrataria um mosquito sequer!

Ele gosta de se divertir. :)

Paulinho disse...

"Qual o problema, hein doutor?! Todo mundo se diverte, não é?!" :P